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O que é Ovário Micropolicístico?

Autor: Prof. Dr. Edilberto de Araujo Filho
Data: 04/06/2013

Esse termo surgiu da aparência de múltiplos micro-cistos ocupando a periferia de ambos os ovários ao ultra-som. Se esse aspecto ultrassonográfico vem associado a sinais de irregularidade menstrual (a menstruação atrasa ou não vem), e/ou sintomas de aumento de peso, acne e pilificacão aumentada, segundo Roy Homburg (pesquisador israelense) é diagnóstico da Síndrome dos Ovários Micropolicísticos.



Vinte por cento das pacientes com essa síndrome não têm aspecto policístico dos ovários ao ultra-som. Nesses casos, para o diagnóstico da síndrome é necessária a presença de irregularidade menstrual, sinais de excesso de androgênios (como pilificacão aumentada, acne e excesso de peso) e comprovação laboratorial de excesso de androgênios: testosterona livre aumentada, relação insulina/glicemia < 4.5, LH aumentado, androstenediona normal ou aumentada.



É importante fazer diagnóstico diferencial com problemas de supra-renal (hiperplasia adrenal tardia ou tumores de supra-renal) e com tumores ovarianos produtores de androgênio.
 
A prevalência da Síndrome dos Ovários Micropolicísticos é de 10% da população geral feminina. Quase 16% das mulheres têm ovários policísticos ao ultra-som sem terem a síndrome propriamente dita. A simples presença do aspecto policístico ao ultra-som não é diagnóstico da síndrome. É comum as adolescentes apresentarem ovários com esse aspecto sem necessariamente terem realmente o problema. Isso é importante para que evitemos tratamentos desnecessários.


A Importância do Diagnóstico - Aproximadamente 30% das mulheres com ovários micropolicísticos têm algum grau de dificuldade para engravidar. Quarenta por cento das pacientes que procuram o nosso consultório para engravidar têm como causa de dificuldade para engravidar falta de ovulação crônica dos ovários, resultado dos ovários micropolicísticos.



Hoje sabemos que existe correlação entre ovários micropolicísticos e diabetes melitus tipo 2, hipertensão arterial e aterosclerose, sem falar no risco aumentado de câncer do endométrio e de mama a longo prazo. Portanto, é importante diagnosticar e tratar.



Sabemos hoje que a Síndrome dos Ovários Micropolicísticos tem base genética ainda não bem estabelecida. Basta dizer que 51% das filhas de mulheres com a síndrome vão ter o mesmo problema.  Já encontraram mutações genéticas no gen produtor da insulina (lócus VNTR, alelo da classe III), no gen produtor de proteínas reguladoras da produção de androgênios (CYP11alpha) e até mutação no gen da SHBG ( globulina transportadora dos esteróides sexuais).



Muito tem para se estudar do ponto de vista genético que irá esclarecer mais a fisiopatogenia dos ovários micropolicísticos. O importante dizer é que os sintomas apresentados pelas pacientes nada mais são do que o resultado de um desequilíbrio hormonal decorrente de um estado crônico de falta de ovulação que parece ter sido desencadeada inicialmente por uma disfunção no metabolismo da insulina.



Tratamento: temos que encontrar duas das três seguintes alterações:
 - Presença de >10 microastos na periferia de cada ovário.
 - Alteração clínica: ciclo menstrual irregular, hisutismo, espinhas, pele oleosa, queda de cabelo.


 Alterações bioquímicas: relação LH: FSH>2.0, aumento da testosterona livre, DHEA, Androstenediona; insulina aumentada; relação glicose/ insulina < 4.5

No tratamento dessa síndrome para as pacientes que desejam engravidar e têm anovulação crônica é importante avaliar os hormônios citados anteriormente e corrigi-los antes de induzir a ovulação com doses baixas de gonadotrofinas, monitorando o crescimento dos folículos ao ultra-som de forma cuidadosa para evitar o hiperestímulo severo dos ovários (complicação grave da estimulação dos ovários que tem sua incidência predominante nos ovários micropolicísticos).


Os antiandrogênios mais usados são a espironolactona e a glutamida e os anticoncepcionais específicos para os ovários micropolicísticos são os que contêm o caproato de ciproterona. Nas pacientes com resistência a insulina tem-se utilizado a netfomina em doses que variam com a gravidade e tolerância das pacientes. Muitas vezes associamos essa droga aos indutores de ovulação nas pacientes que querem engravidar.

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