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Fertilidade na Primavera

Autor: Professora Dra. Ligiane Alves Machado de Paula
Data: 07/10/2014

É primavera! Período marcado por belas paisagens formadas pela natureza, onde as flores se abrem para uma nova estação, que se inicia em  23 de setembro e termina em 21 de dezembro. É considerada  a estação do ano associada ao reflorescimento da flora e fauna, e com maior incidência de raios solares que incidem sobre a Terra. A função do florescimento é o início da época reprodutiva de muitas espécies de árvores e plantas. Nessa época em que a natureza se encarrega de transformar a paisagem, para algumas pessoas a vida floresce de forma especial!
 

A primavera também é considerada propícia para a fertilização humana, segundo um estudo brasileiro que avaliou se as estações do ano afetariam os resultados do tratamento de reprodução humana assistida. Os autores concluíram que sim. Foram avaliadas um total de 1932 pacientes submetidas a técnica Injeção intracitoplasmática de espermatozóides (ICSI), sendo divididas em grupos conforme estação do ano, de acordo com o dia da aspiração folicular, ou seja, inverno (435 pacientes), primavera (444), verão (469) e outono (584).

 

A taxa de fertilização foi estatisticamente maior durante a primavera (73,5%) quando comparada ao inverno (67,9%), verão (68,7%) e outono (69,0%). Portanto, observou-se aumento de aproximadamente 50% na taxa de fertilização durante a primavera. A concentração de estradiol (hormônio sexual produzido pelos folículos ovarianos), por número de ovócitos, foi significativamente maior durante a primavera. Este estudo demonstra a variabilidade sazonal na fertilização após ICSI, onde a fertilização é maior durante a primavera do que em qualquer outro estação do ano.

 

Esses resultados podem estar associados aos efeitos que as mudanças de luminosidade e a temperatura nessa época do ano exercem no funcionamento do cérebro e na produção de hormônios ligados à reprodução, ou seja, a luminosidade, o qual é maior nessa época do ano, aumenta a atividade da melatonina (hormônio que regula o sono) que, por sua vez, afeta áreas do hipotálamo. Isso poderia levar a uma maior secreção dos hormônios reprodutivos, como o hormônio estimulante folicular (FSH), o  hormônio luteinizante (LH), que agem no ovário, melhorando, portanto, a resposta ao tratamento de fertilização.


Em relação à fertilidade masculina, pesquisa realizada em uma universidade Israelense, o qual avaliou mais de seis mil homens submetidos a tratamento de fertilidade, também mostrou resultados semelhantes, evidenciando que no final do inverno e começo da primavera há maior concentração de espermatozoides, aumento da motilidade e melhora da morfologia. Essa melhora no sêmen, além da influência da melatonina,  se deve também à vitamina D, que é estimulada pela exposição ao sol, que é maior nessa época do ano.
 

Pesquisas mostram que a vitamina D, responsável em regular a absorção de cálcio e fósforo no organismo, modula a função dos órgãos sexuais, sendo, portanto de extrema importância para a integridade dos tecidos sexuais e a reprodução, pois auxilia na regulação hormonal da mulher e também na contagem de espermatozoides do homem.
 

Concluímos que a primavera é a estação da fertilidade e renascimento, trazendo renovação e entusiasmo! Porém é importante ressaltar que, mais importante que a estação do ano, é o cuidado com cada caso e a individualização de cada casal, pois existem outros fatores que determinam o sucesso do tratamento, independente da estação do ano.

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