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O que é Adenomiose?

Autor: Professor Dr. Edilberto de Araujo Filho
Data: 16/05/2016

Como ela pode afetar a fertilidade da mulher? Ela pode diminuir o resultado das técnicas de reprodução assistida? Existe tratamento?

 

A adenomiose é uma doença caracterizada pela invasão do endométrio (mucosa que reveste o útero por dentro) na musculatura do útero (miométrio). Isso ocorre quando a zona juncional (região que separa o endométrio do miométrio) se rompe e o endométrio penetra na musculatura uterina.

 

Os principais sintomas da adenomiose são: cólicas menstruais intensas e sangramentos vaginais irregulares e abundantes. O diagnóstico de suspeição é pela ressonância magnética e ultrassom endovaginal com doppler.

 

Segundo diversos estudos, a associação entre adenomiose e infertilidade ocorre numa prevalência muito variável, de 1-14%. É descrito um impacto negativo na fertilidade feminina, podendo até influenciar negativamente nas técnicas de reprodução assistida, a depender da extensão e quantidade de focos adenomióticos.

 

Os mecanismos pelos quais a adenomiose pode afetar negativamente a reprodução feminina seria por alterações a nível molecular local, falhas de expressão gênica, falhas de expressão de proteínas de adesão, liberação de radicais livres, alteração da vascularização endometrial e até alteração no transporte dos espermatozoides.

 

O tratamento para adenomiose é dividido em 2 tipos, a depender do objetivo da paciente:

 

A-) Nas pacientes que não visam gravidez, mas melhora dos sintomas, existem várias opções:

 

1. Medicamentosa- DIU de levonorgestrel (MIRENA ®)

- Agonista do Gnrh (Zoladex, Loprom)- Danazol

- Acetato de medroxiprogesterona

- Dienogeste (Allurene; Pietra)

- Anticoncepcional contínuo

- Gestrinona- Inibidores da Aromatase

- Inibidores da Angiogênese (Avastin)

- Anti-inflamatórios não hormonais

- Antagonista do GnrH (Elagolix)

 

2. Cirúrgica

- Histerectomia

- Remoção dos focos adenomióticos

- Embolização de artérias uterinas

 

B-) Pacientes que visam gravidez

Alguns trabalhos têm apontado para a direção de que a adenomiose pode afetar o resultado final dos tratamentos de reprodução assistida (RA). O uso do agonista do GnrH (Lupron; Zoladex) prévio à transferência embrionária parece pertinente, já que uma menor taxa de implantação e maior taxa de aborto foi observada em algumas pacientes com adenomiose submetidas a FIV.

 

O período de uso do agonista do GnrH seria de no mínimo 3 meses, mas os resultados sugerindo tal conduta ainda são discutíveis.

 

O fato é que a adenomiose frequentemente é assintomática e o diagnóstico não é fácil, mas com os avanços que tivemos nos métodos de imagem, o diagnóstico de suspeição, pelo menos, está cada vez mais precoce e o nosso conhecimento dessa patologia vem crescendo. Porém, estamos longe de um consenso sobre qual é a melhor conduta a ser tomada no tratamento da adenomiose.

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